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Criar um Slick Auto -Playing Destaque Slider conteúdo Por: Chris Coyier em 2008/08/18 Eu amo o Coda Slider plugin para jQuery. Eu usei-o recentemente para construir um par de abas "widgets" . Um aqui em CSS- Tricks na barra lateral para mostrar Script & Style Links , Posts em Destaque e Popular Posts . Apenas um tipo de uma forma divertida de mostrar muito conteúdo em uma área pequena . Também é usado em um artigo para NETTUTS para um propósito semelhante . Ambos os exemplos usam o Coda Slider muito bonito "out of the box ". Claro que o projeto foi fortemente alterada para se ajustar o emprego, mas a funcionalidade em si não foi alterada de forma alguma. Recentemente, tive o chamado para construir uma "zona de conteúdo apresentado ". O Coda Slider caber a factura quase perfeitamente , mas precisava de uma cirurgia funcionalidade pouco a fazer o que eu queria fazer. Um agradecimento especial a Benjamin Sterling por me ajudar e descobrir alguns truques para mim. Ver Demo Download de Arquivos Funcionalidade Checklist Como eu disse, o Slider Coda foi de 90% já existe. Há uma área de conteúdo principal (painéis, Se quiser ), que desliza da esquerda para a direita , cada um com conteúdo exclusivo diferentes. Há geralmente um número definido de painéis, mas o código é escrito de tal forma que a adição ou remoção de painéis de dor não é enorme. Há links que funcionam como navegação para saltar rapidamente para qualquer painel especial . Estas ligações podem ser qualquer coisa (hiperlink de texto, miniaturas , etc) e um link para um único valor hash URL ( cada painel tem uma URL única , se necessário) . Coda Slider proporciona tudo isso fora da caixa . Aqui está o que precisamos , além disso: •Diferentes tipos de conteúdo personalizado em painéis. Nós já podemos colocar o que nós queremos nos painéis , mas para torná-lo mais fácil para nós, haverá um par de diferentes formatos pronto para ir. A principal delas é uma imagem do tamanho de todo o painel , mas com um texto sobreposto . FEITO . •Auto- play . Você ainda pode clicar nas imagens para ir para qualquer painel , mas deixou em si mesmo, o cursor vai ciclo lentamente através dos painéis . Adicionado, veja abaixo. •indicador de seta. Para servir como uma indicação visual do painel que você está vendo , uma pequena seta acima irá mostrar a miniatura apontando para o painel. INCLUIDO. Vamos percorrer o HTML , CSS e JavaScript. O HTML Aqui está o HTML quadro apenas para o controle deslizante se : class="slider-wrap"> class="panelContainer"> class="wrapper"> temp class="photo-meta-data"> Kaustav Bhattacharya
"Free Tibet " Protesto no Rally da Tocha Olímpica class="panel"
class="wrapper"> class="panel"
class="wrapper"> scotch egg

Como cozinhar um ovo Scotch
  • 6 ovos cozidos, bem refrigerado ( i tentar cozinhá-los para apenas uma etapa soft passado fervida , em seguida, colá-los na parte mais fria da geladeira para firmar acima ) < / li>
  • £ 1 salsicha de carne de boa qualidade ( carne de peru que eu usava o solo, temperado com sálvia, pimenta branca , sal e um pouquinho de xarope de bordo ) < / li>
  • 1 / 2 xícara de farinha AP
  • 1-2 ovos batidos
  • 3 / 4 xícara migalhas de pão panko -style
  • óleo vegetal para fritar class="panel"
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sexta-feira, 26 de março de 2010

teste de postagem


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quinta-feira, 18 de março de 2010

Preparação Física Gracie

Material audiovisual clássico contendo cenas do trabalho de preparação física de membros - na época da gravação - da Academia Gracie (São Paulo). Bom para relembrar ou ampliar as reflexões de quem ainda não viu.

Leandro Paiva

quarta-feira, 17 de março de 2010

Preparação Física Jiu-Jitsu: Exercícios Específicos para "Pegada"

Material audiovisual contendo diversos exercícios específicos para desenvolver força de preensão manual (aumento de "pegada"). Os exercícios sem quimono são bem aproveitados também no MMA, Submission e Grappling.

Leandro Paiva

terça-feira, 16 de março de 2010

Preparação Física MMA - Exercícios Específicos

Material audiovisual com diversos exercícios de preparação física realizados pelo atleta Diego Braga, em função de sua participação no evento Top Fighters. Mais um vídeo contendo a realidade do dia-a-dia na preparação de alto rendimento para o MMA (Vale-Tudo).


Leandro Paiva




segunda-feira, 15 de março de 2010

Comunicado aos leitores

Amigos leitores, me desculpe, por favor, pelos transtornos momentâneos no Blog. Está passando por série de testes e mudanças em conjunto com o Web Master (lay-out e estruturação de conteúdo) para adequar novos rumos e melhorias com novidades imperdíveis. Vou continuar atualizando assim mesmo o conteúdo, dentro do possível no momento. Se tudo correr bem, o processo será concretizado até domingo (21/03).

Grande Abs

Leandro Paiva

Treinamento Funcional para Lutas



Material audiovisual em que o conteúdo é registro da parte prática (exercícios) realizada na Convenção Capital Fitness (Brasília). A parte de demonstração dos exercícios é iniciada após 30 segundos de vídeo. Vale a pena conferir.

Leandro Paiva

domingo, 14 de março de 2010

MMA: capacete protege nos sparrings?



No Boxe amador e no Taekwondo, dentre outras modalidades de combate, a utilização do capacete de proteção de cabeça (denominado em Inglês "Headgear Protection") é obrigatório em competições oficiais.

No entanto, em lutas profissionais como o Mixed Martial Arts - MMA e o Boxe Profissional, não é permitido o uso do capacete por motivos distintos aos fundamentos ético-desportivos: os promotores e organizadores sabem que o público prefere ver em detalhes os efeitos dos golpes (e prejuízos) ao adversário.

Apesar de algum desconforto no uso e de não poder utilizar nos eventos, muitos atletas recorrem à utilização do capacete - na esperança de maior proteção quanto às lesões, prolongando a carreira esportiva - em situações de treinamento, principalmente nos Sparrings (simulação de combates competitivos), quando a possibilidade de ocorrerem lesões desnecessárias em função do acirramento, nesse contexto, torna-se mais evidente.

No meio das lutas, artes marciais e modalidades de combate (leia-se: técnicos e atletas), as opiniões quanto ao uso e real proteção proporcionada pelo capacete de proteção, nunca esteve perto de um consenso. Enquanto uns alertavam sobre a excelente proteção, outros alegavam que o capacete não protegia de nada ou quase nada.

Resolvi me concentrar no assunto e encontrei diversas pesquisas realizadas para responder a essa questão crucial: capacete protege ou não nos sparrings? Dentre todos os estudos que achei, encontrei um que, mais do que os outros, despertou e muito minha atenção. Foi realizado por uma equipe de pesquisadores ladeados pela Dra. Cynthia Bir, a mesma que integra o corpo de cientistas da série "A Ciência das Artes Marciais", produzida pelo canal National Geographic - Natgeo.

Nele, os autores explicaram que os capacetes e luvas foram introduzidos nesses esportes com intuito de minimizar as lesões na cabeça pelo fato do acolchoado ajudar a absorver parte da energia dos golpes.

Para o estudo, recrutaram 27 atletas de elite (boxeadores) e utilizaram um boneco de testes (o mesmo utilizado em testes de colisões automobilísticas). Foram avaliadas e comparadas (com e sem a utização do capacete de proteção) as seguintes variáveis:

* Pico de aceleração linear e angular na cabeça em função dos socos;

* Força de impacto dos socos;

* Velocidade de impacto dos socos;

* Critérios de lesões na cabeça (em Inglês: "head injury criteria" -HIC).


Resultados

(sem o capacete/com o capacete)

* Pico de aceleração angular (rad/s2): 9164.10/5534.78;

* Pico de aceleração linear (g's): 78.04/51.79;

* Força de impacto (N): 4260.51/2815.59;

* Velocidade de impacto(m/s): 8.43/9.57;

* Critério de lesões na cabeça: 79.23/47.34.


Conclusões

Para todos os critérios, houve significativa diminuição dos valores com a utilização do capacete de proteção de cabeça. Constatou-se que a utilização de capacete reduz significativamente os efeitos deletérios dos socos sobre o adversário/sparring. Por fim, os pesquisadores concluíram afirmando que, não só o uso de luvas, mas também a utilização de capacete, são procedimentos bem eficazes na redução do risco de lesões na cabeça.

Portanto, baseado nesse estudo, finalizo com a seguinte pergunta: ainda vão continuar realizando sparrings sem capacete de proteção?


Leandro Paiva

Referência: Nathan Dau, Hai Chun Chien, Don Sherman, and Cynthia Bir. Effectiveness of Boxing Headgear for Limiting Injury. In: Annual Meeting of the American Society of Biomechanics, Virginia Tech, Blacksburg, VA, 2006.

Entrevista João Alberto Barreto

Material audiovisual contendo entrevista bem inteligente com o Mestre João Alberto Barreto. No livro Pronto Pra Guerra, citei diversas contribuições dele (trechos de artigos e obra) que enriqueceram a parte de preparação psicológica para lutadores. Além de Mestre de Jiu-Jítsu (Faixa Vermelha), é Mestre em Psicologia com atuação em Psicologia do Esporte e já realizou trabalho com diversos lutadores de elite de MMA como Paulão Filho, Jucão, dentre outros. Recomendo.

Leandro Paiva


sábado, 13 de março de 2010

Jiu-Jitsu: quanto tempo dura uma luta em pé, no solo e a recuperação em campeonato mundial?

Roger Gracie.

Recebo diariamente e-mails de atletas e técnicos de Jiu-Jitsu me perguntando, de modo geral, qual seria a melhor maneira de se preparar. Bom, considero de extrema complexidade a resposta, pois devem ser considerados muitos fatores ao selecionar os meios e métodos necessários para se responder a essa pergunta, tais como: experiência esportiva do atleta, meios e métodos anteriores de preparação física, individualidade biológica, fatores psicológicos e sociais relevantes, etc. Enfim, não é fácil apresentar resposta conclusiva a uma pergunta tão abrangente sem antes analisar profundamente o atleta.

No entanto, se tivesse de dar apenas uma resposta para todos, que ajudasse a melhorar o dia-a-dia do preparo físico e técnico-tático no Jiu-Jítsu, apenas recomendaria uma informação básica, mas ainda carente para muitos: preste atenção no período em que uma luta é realizada em pé, no solo e o tempo de recuperação. Além disso, a relação esforço:pausa (ou esforço:recuperação) da modalidade em campeonatos relevantes.

Com essas informações em mãos, uma infinidade de trabalhos (físicos e técnico-táticos) podem ser realizados, pautados pela especificidade temporal (tempo de luta em pé, no solo e de recuperação) que REALMENTE ocorre nos campeonatos oficiais de Jiu-Jítsu. Vou ajudar mais ainda para facilitar e, desse modo, espero mais uma vez ajudar os que precisam de informações para ajustar melhor a preparação:

Segundo os autores de um estudo prévio (inédito até a publicação) realizado para verificar essas informações, dentre outras, o tempo médio de luta em pé foi na ordem de 25 segundos. O tempo médio de luta no solo foi superior a 2 minutos e o tempo de recuperação foi bem baixo, algo em torno de 13 segundos. Ainda, observou-se que o tempo de recuperação entre os atletas mais leves (categorias abaixo de 75 kg) foi significativamente maior do que os mais pesados. Além disso, verificou-se que a relação esforço:recuperação em uma luta de Jiu-Jitsu era de aproximadamente 10:1, ou seja, para cada 10 segundos de esforço ocorre 1 segundo de recuperação.


Leandro Paiva


P.S: No livro Pronto Pra Guerra, esses dados são apresentados em quadros e tabelas para melhor entendimento, além de diversas informações complementares às postadas neste artigo.



Referência: Del Vecchio, F. B. ; Bianchi, S. ; Hirata, S.M. ; Chacon-Mikahil, M. P. T. Análise morfo-funcional de praticantes de brazilian jiu-jitsu e estudo da temporalidade e da quantificação das ações motoras na modalidade. Movimento & Percepção, v.7, p.263-281, 2007.

Concurso "Gata do Intervalo" UFC - Ring Girl

Material audiovisual de concurso realizado para selecionar nova "gata do intervalo" (Ring Girl) para trabalhar no UFC.

Leandro Paiva

Preparação Física Jiu-Jitsu e MMA: exercícios



Material audiovisual contendo diversos exercícios excelentes para Jiu-Jitsu e MMA, relacionados ao segmento de projeções. Além disso, o atleta que os realiza tem o tal "sangue nos olhos" (pelo menos para os exercícios). Bom vídeo.

Leandro Paiva

sexta-feira, 12 de março de 2010

Persistência no MMA e Jiu-Jitsu



Como você faz para persistir e sobrepor uma tarefa exigente e difícil?

Cada um costuma ter um método próprio para fortalecer a mente em momentos difíceis e sobrepujar os obstáculos. Contudo, um grupo de psicólogos da Universidade de Kentucky apresentou estudo recomendando abordagem alternativa para elevar a capacidade de persistência.

Como superar a desvantagem no placar faltando dois minutos para acabar a luta, no caso do Jiu-Jítsu? Ou como conseguir nocautear ou finalizar no último round de uma luta de MMA, sendo que você já perdeu por pontos os dois primeiros dos três rounds previstos para o combate? Nesse caso, o período para poder pensar sem ter de trocar golpes com o adversário será de apenas um minuto que é o período de intervalo entre os rounds no MMA.

A resposta pode estar num quesito psicológico: persistência. Não desistir, ir em frente, mesmo parecendo impossível diante das adversidades.

Sob esse contexto, cabe mais uma pergunta: existe alguma técnica que pode potencializar a persistência? Como já disse no início deste artigo, segundo os autores desse estudo, existe sim. Eles desejavam compreender quais seriam os efeitos que uma prática denominada de "foco de atenção" teria sobre a persistência. Esta prática (denominada em Inglês "Mindfulness") tornou-se intervenção popularizada na última década, e vem demonstrando êxito significativo na redução do estresse e sofrimento psíquico. O conceito é bem simples, mas de modo geral, precisa de um pouco de prática para dominar.

A essência do método é ensinar o indivíduo a focar a atenção no momento presente, o "aqui e agora" - embora sem julgamento demasiado de observação - e não reagir baseado em suas sensações, pensamentos e emoções.

No estudo, os psicólogos alocaram 142 indivíduos (voluntários) para trabalhar em uma série de enigmas, dentro de certos limites, mas o primeiro dos enigmas não possuia solução real. Isso criou uma situação em que eles deveriam persistir em uma tarefa, mesmo após a conclusão da primeira tentativa ser impossível.

Aprender a não julgar/avaliar e não reagir instantaneamente para o que está acontecendo naquele momento dentro de sua mente é a parte complicada do método, mas são ingredientes vitais, de acordo com o estudo. Observou-se que os indivíduos que não julgavam foram os mais persistentes.

Os pesquisadores também verificaram que os indivíduos estavam cientes de que eles experimentavam emoções positivas e negativas, mas sua postura atenta permitiu-lhes não ser auto-consciente sobre elas.

Alguns pesquisadores acreditam que as pessoas precisam ser auto-críticas para motivá-las a persistir em direção a um objetivo. Essa pesquisa sugeriu o inverso. Aqueles que foram mentalmente conscientes, ou melhor, auto-conscientes - incidindo sobre a discrepância entre o modo de como eles estão fazendo e o que eles querem alcançar - foram menos persistentes.

Os autores concluíram afirmando que o método de "foco de atenção" ou "Mindfullness" pode ser uma estratégia promissora para a auto-regulação de comportamentos, pensamentos e emoções.

Leandro Paiva

Referência:

Evans, D.; Baer, R.; Segerstrom, S. The effects of mindfulness and self-consciousness on persistence. Personality and Individual Differences, v.47, n.4, p.379-382, 2009.

Observação: No livro Pronto Pra Guerra, apresento completo manual de preparação psicológica para Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Preparação Física MMA: Exercícios de Frank Shamrock



Material audiovisual contendo exercícios de preparação física realizados pelo ex-campeão do UFC Frank Shamrock. Bem interessante a parte inicial com exercícios específicos de coordenação e equilíbrio na bola suíça.

Leandro Paiva

quarta-feira, 10 de março de 2010

Lutadores: características musculares do deltóide ("ombro")

Ricardo Arona.



Quais são os ajustes corporais (ou adaptação) de nosso corpo após longos anos de treinamento? Como a musculatura responde aos estímulos específicos da modalidade? Pelo menos em referência ao músculo deltóide de lutadores, popularmente denominado de "ombro", no mais recente estudo publicado em periódico internacional (resumo me foi enviado pelo grande amigo Fabrício Boscolo Del Vecchio), os pesquisadores apresentaram algumas respostas baseados em seu experimento.

Nove atletas de elite (masculinos) especializados no segmento de técnicas de projeção (Luta Olímpica - estilo Greco-Romano) participaram do estudo (Grupo de atletas). Dados:

* Idade média de 20,1 +/- 2,7 anos;
* Altura de 175 +/- 0,6 cm;
* Peso de 83,2 +/-12,5 kg;
* Tempo de prática de 7,6 +/-2,7 anos.

Além dos atletas, para efeito de comparação, também participaram do estudo seis estudantes do sexo masculino saudáveis (Grupo controle).

Foram verificadas: distribuição de fibras do músculo, área seccional (CSA), bem como células satélites e densidade capilar por área de fibra muscular.

Resultados

Em uma das análises (imunohistoquímica) foi verificado que a distribuição de fibras musculares da cadeia pesada de miosina ("moléculas musculares" ou "motores moleculares", com importante papel no processo de contração muscular) foram significativamente maiores nos lutadores do que no grupo controle.

Em outra análise (eletroforética) das fibras revelou também uma proporção significativamente maior de fibras contendo miosina de cadeia pesada em lutadores.

A área seccional ("volume muscular") média de fibras do tipo IIA (relacionadas à potência e velocidade) foi significativamente maior nos lutadores.

Também descobriram que o número de células satélites foi 2,5 vezes maior em lutadores do que no grupo controle. Vale ressaltar que as células satélites possuem a capacidade de se diferenciar e fundir para aumentar o número de fibras musculares existentes e formar novas fibras. São relacionadas ao crescimento muscular normal, assim como na regeneração após lesão ou doença.

Conclusão

Os pesquisadores afirmaram que, pelos resultados obtidos no estudo, o perfil observado de fibras musculares do deltóide de lutadores podem apresentar ajustes ou adaptação com base nas demandas específicas mecânicas e bioquímicas da prática de modalidade de combate em longo prazo.


Leandro Paiva


Referência:

Mandroukas A, Heller J, Metaxas TI, Christoulas K, Vamvakoudis E, Stefanidis P, Papavasileiou A, Kotoglou K, Balasas D, Ekblom B, Mandroukas K. Deltoid Muscle Characteristics in Wrestlers. International Journal of Sports Medicine, v.31, n.3, p.148-153, 2010.

Observação: No livro Pronto Pra Guerra são apresentadas informações sobre características das fibras musculares de atletas de Jiu-Jítsu e MMA

MMA: Preparação Física de Kimbo Slice

Material audiovisual com cenas do preparo físico e técnico-tático do lutador Kimbo Slice ("King of the street").

Leandro Paiva



terça-feira, 9 de março de 2010

Supercâmera: Jiu-Jitsu

Excelente material audiovisual para estudo de técnicas e posições de Jiu-Jítsu e Judô. Sugiro observar com atenção todos os detalhes para melhor aproveitamento. Além disso, o material é válido para identificar com maior relevância os músculos mais solicitados nessas técnicas facilitando o respaldo e direção do trabalho de preparação física.

Leandro Paiva


Registros históricos do Mixed Martial Arts - MMA

O Vale-Tudo ou Mixed Martial Arts (MMA), como o conhecemos atualmente, se deve muito à história da família Gracie. No entanto, existem registros antes de Cristo da prática na Ásia e parte da Europa de lutas híbridas (caracterizadas pela mistura de vários estilos). No material audiovisual deste artigo, são apresentados alguns artefatos com registros de época comprovando a afirmação anterior.

Leandro Paiva


Jiu-Jitsu e MMA: Exercícios - Rickson Gracie

Material audiovisual clássico, contendo diversos exercícios de flexibilidade e respiração (dentre outros) realizados por Rickson Gracie.

Leandro Paiva

domingo, 7 de março de 2010

Espírito de Samurai

Material audiovisual em Português, sobre as tradições japonesas e os Samurais. Editado e produzido pela Rede Globo (conotação jornalística), aborda aspectos históricos relacionando artes marciais com esses guerreiros. Bem interessante.

Leandro Paiva

sábado, 6 de março de 2010

Revista Tatame: “Pronto Pra Guerra” com canal no Youtube

Clique na imagem para acessar o canal de TV e Rádio "Pronto Pra Guerra" no Youtube.

Por Guilherme Cruz.

Autor do livro “Pronto Pra Guerra”, sucesso de vendas no meio das lutas, Leandro Paiva tem novidades na internet. Além do seu blog, o especialista em preparação física criou um canal de TV e rádio no Youtube. “A proposta é apresentar não só os vídeos explicativos de minhas últimas entrevistas, vídeos de preparação física, psicológica e alimentação, bem como todo material educativo e documentários que irei disponibilizar das ‘Ciências das Artes Marciais’, além de informações geográficas e históricas sobre diversas lutas e artes marciais”, explica Leandro, que pretende criar cursos em áudio sobre temas relacionados ao MMA e Jiu-Jitsu.

Fonte: http://www.tatame.com.br/2010/03/05/Pronto-Pra-Guerra-com-canal-no-Youtube


Kettlebell: modalidade de combate olímpica



Material audiovisual ressaltando a utilização de Kettlebell por atletas de alto rendimento de modalidades esportivas de combate. Nele, observamos o treinamento da seleção olímpica de Judô da Hungria, em seus preparativos para os Jogos Olímpicos de Beijing - 2008. Bem interessante conhecer um pouco mais os exercícios e a realidade de uma sessão de treinamento de lutadores de elite.

Leandro Paiva

Lesões na cabeça de lutadores são associadas a disfunções hormonais



Tive acesso a um artigo novo, em vias de publicação, no qual os pesquisadores verificaram se a reincidência de lesões traumaticas na cabeça em função de combates realizados pelos lutadores, poderia induzir disfunção na hipófise (glândula) associada com doença auto-imune.

Vale lembrar que doença auto-imune é a situação médica gerada por intermédio de uma agressão do organismo contra elementos constitutivos normais, pelos anticorpos. Se uma proteína normal do corpo, por exemplo, é reconhecida como estranha, o sistema imune desencadeia contra ela uma inflamação, buscando eliminá-la. Essas doenças geralmente surgem quando a resposta imunitária é efetuada contra alvos existentes no próprio indivíduo. A auto-imunidade como causadora de doença não é frequente; entretanto sua origem é complexa e multifatorial.

Em dados atuais de estudos relacionados com lutas, artes marciais e modalidades de combate caracterizadas por golpes traumáticos (Boxe, Muay Thai, Taekwondo, etc.), foi claramente demonstrado que pode haver associação entre reincidência de trauma na cabeça e baixa produção ou supressão de hormônios hipofisários (produzidos pela glândula hipófise). Contudo, os mecanismos relacionados com traumatismo crânio-encefálico (TCE) que induzem à disfunção pituitária ainda são incertos.

Com intuito de compreender melhor se os mecanismos de doença auto-imune podem desempenhar papel crucial na disfunção pituitária em razão de esportes relacionados com trauma na cabeça, os autores desse estudo investigaram a presença de anticorpos antipituitarios (APA) e anticorpos antihipotalâmicos (AHA) em pugilistas amadores.

Sessenta e um atletas participaram do estudo e, desses, 44 ainda participavam de competições. Dezessete deles já não competiam mais. Todos eram atletas masculinos com idade média de 26 anos e foram avaliados quanto às funções da hipófise anterior.

Resultados

AHA foram detectados em 13 dos 61 boxeadores (21,3%) e APA foram detectados em 14 dos 61 boxeadores (22,9%). A disfunção hipofisária foi significativamente maior nos boxeadores AHA positivo (46,2%) quando comparado com pugilistas AHA negativos (10,4%). Houve associação significativa entre a positividade e AHA hipopituitarismo em função do boxe. Não houve qualquer associação significativa entre a positividade de APA e hipopituitarismo.

Conclusões

O estudo demonstrou pela primeira vez a presença da AHA e APA em boxeadores, relacionando-as aos esportes com possibilidade de traumatismo craniano. Desse modo, forneceu evidências preliminares de que a AHA está associada com o desenvolvimento de disfunção hipofisária em boxeadores, sugerindo que a autoimunidade pode ter sério papel na patogênese (modo como os agentes que causam doenças agridem o nosso organismo e os sistemas naturais de defesa reagem).

Leandro Paiva



Referência:

Fatih Tanriverdi, Annamaria De Bellis, Marina Battaglia, Giuseppe Bellastella, Antonio Bizzarro, Antonio Sinisi, Antonio Bellastella, Kursad Unluhizarci, Ahmet Selcuklu, Felipe Casanueva and Fahrettin Kelestimur. Investigation of antihypothalamus and antipituitary antibodies in amateur boxers: is chronic repetitive head trauma-induced pituitary dysfunction associated with autoimmunity? European Journal of Endocrinology, (2010) In press.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Comédia com luta - Kibe Loco

Material audiovisual para divertimento relacionado com lutas. O cara é bem acrobático.

Leandro Paiva


Supere-se

Material audiovisual bem interessante com temática de superação. Ajuda a direcionar nossas reflexões, nesse contexto, nas lutas, artes marciais e modalidades de combate. Inspire-se.

Leandro Paiva

MMA: Exercícios de preparação física



Material audiovisual contendo diversos exercícios de preparação física realizados por Eduardo Pachú, que vai representar o Brasil em Cingapura, dia 7 de maio. Foi assessorado pelo preparador físico Alexey Oliveira.

Leandro Paiva

Observação: No livro
Pronto Pra Guerra são encontrados diversos exemplos de exercícios, além dos melhores métodos para realizá-los e planejamento (periodização).

Revista Graciemag: Canal no Youtube tira dúvidas de preparação física

Clique na imagem acima para conhecer o canal Pronto Pra Guerra TV no Youtube.




por Marcelo Dunlop — 4 de março de 2010.


Preparador físico e estudioso das técnicas de luta, Leandro Paiva está lançando seu canal de TV e rádio no Youtube, o Pronto Pra Guerra TV.

“A proposta é apresentar não só vídeos explicativos de minhas últimas entrevistas, mas vídeos de preparação física, psicológica e alimentação, bem como um largo acervo de material educativo e documentários que irei disponibilizar sobre a ciência das artes marciais. Em segundo momento irei disponibilizar gratuitamente microcursos em áudio sobre diversos temas relacionados ao MMA e Jiu-Jitsu. Em suma, será de extrema utilidade para todos do meio”, garante Paiva, autor do livro “Pronto pra guerra”.

Fonte:

quinta-feira, 4 de março de 2010

MMA à margem de outros esportes?



Um polêmico artigo na área de Sociologia do Esporte acaba de ser publicado em periódico internacional. Nele, os autores discorreram sobre o desenvolvimento internacional do Mixed Martial Arts (MMA).

O intuito dos pesquisadores foi debater sobre as tendências de violência nos esportes por intermédio de uma análise do surgimento do MMA. Na opinião deles, a ascensão do MMA no cenário internacional é indicativo de uma descivilização e/ou de processo esportivizante, defendendo a tese de que o desenvolvimento do MMA pode ser melhor explicado pelos conceitos de informalização e da "busca da excitação".

Mais especificamente, argumentam que o MMA já surgiu como esporte global como conseqüência da ascensão do profissionalismo sobre amadorismo, por meio de uma hibridização de estilos oriental e ocidental de combate, e em função dos desejos dos participantes em gerar elevados níveis de excitação.

Afirmaram ainda que a modalidade oscilou nesse processo entre as formas mais e menos violentas e é fruto de amplos lobbies públicos para incorrer na definição de que a violência nesse esporte é socialmente tolerável.

Versaram também que, com objetivo de fidelizar o espectador, os promotores realizaram "mudanças apenas cosméticas" no MMA para aumentar a aparência de que a violência é controlada.

Por fim, concluíram que os esportes de combate são inerentemente controversos, e separados por linha tênue do que poderia ser realmente considerado esportivo ou uma simples briga e, portanto, à margem do esporte moderno.

Enfim, eu, Leandro Paiva, discordei de muitas coisas. O que vocês acharam do artigo?

Leandro Paiva


Referência:

García, R.; Malcolm, D. Decivilizing, civilizing or informalizing? The international development of Mixed Martial Arts. International Review for the Sociology of Sport, v.45, n.1, p.39-58, 2010.

Kettlebells: Jiu-Jitsu, MMA e Judô



Excelente material audiovisual, no qual o autor apresenta os exercícios realizados com Kettlebell, seguidos de demonstração da situação real em que o exercício reproduziria na luta. Boa referência respeitando o princípio da especificidade no Treinamento Esportivo. Provavelmente há boa transferência para a luta, principalmente em referência aos momentos dramáticos de um combate, ou seja, transição da luta em pé para o solo e vice-versa.

Leandro Paiva

quarta-feira, 3 de março de 2010

Mulheres do MMA - Mixed Martial Arts



Excelente material audiovisual sobre a realidade do treinamento, vida pessoal e bastidores das mulheres que são lutadoras profissionais de MMA. Em grande parte das publicações o foco são os atletas masculinos. Tento equilibrar as coisas com o artigo de hoje. Para complementar este documentário, seguem principais dados de estudo referente à participação de mulheres nesse esporte.

Leandro Paiva


CONTROLE DE SI, DOR E REPRESENTAÇÃO FEMININA ENTRE LUTADORES(AS) DE MIXED MARTIAL ARTS

Autores: Samuel Oliveira Thomazini, Cláudia Emília Aguiar Moraes e Felipe Quintão Almeida

Pensar a Prática, Vol. 11, No 3 (2008)

RESUMO

Esta é uma pesquisa realizada em três academias especializadas em Mixed Marcial Arts (MMA), em que se analisa alguns elementos indispensáveis à forja identitária de lutadores dessa modalidade. A etnografia durou sete meses, oportunidade para combinar uma observação participante, devidamente registrada no diário de notas, com a realização de entrevistas semi-estruturadas com atletas. Fotografias e filmagens dos locais de treinamento e de competição foram recursos metodológicos também úteis. Os resultados indicam a existência de processos bioidentitários vinculados ao controle de si e à racionalização da dor, apontando, além disso, para uma representação ambígua da presença feminina em um universo ainda predominantemente masculino.

INTRODUÇÃO

Desde o seminal estudo de Wacquant (2002), inúmeros trabalhos de cunho etnográfico foram produzidos nas academias e/ou clubes que oferecem esportes de combate e/ou artes marciais. Este estudo se insere neste movimento ao realizar uma pesquisa, também etnográfica, em academias especializadas na prática de Mixed Marcial Arts (MMA), termo que corresponde à denominação mais recente da prática corporal que mundialmente ficou conhecida como Vale-Tudo, esporte caracterizado pelo emprego de técnicas corporais oriundas de diversas artes marciais e/ou esportes de combate1, tais como o jiu-jitsu, o boxe, o kickboxer, o muai thay, a luta greco-romana, o kung fu, e outros. Nossa presença no campo teve o objetivo geral de entender os processos concernentes à forja identitária do lutador de MMA, seja este homem ou mulher.

O trabalho de campo foi realizado em três academias, na cidade de Vila Velha (ES). Nos sete meses imersos no campo, entre novembro de 2007 e junho de 2008, combinamos a observação participante, devidamente registrada no diário de notas, com a realização de entrevistas semi-estruturadas com sete atletas de MMA (seis homens e uma mulher), dois treinadores especializados em MMA e uma atleta de boxe, que era sparring2 da supracitada lutadora de MMA. Nessas entrevistas, procuramos valorizar desde a vinculação inicial dessas pessoas com “o mundo” das artes marciais e/ou esportes de combate (suas histórias de vida), até chegar ao seu envolvimento com treinos e competições, visando esta modalidade específica. Fotografias e filmagens dos locais de treino e também das competições que os(as) lutadores(as) das academias participaram foram um recurso metodológico importante.

A aproximação e inserção nestes campos foi favorecida pelo fato de um dos observadores ter exercido, durante anos, o ofício de lutador e professor de kickboxer naquela cidade, sendo previamente conhecido da maioria dos sujeitos que participaram desta investigação.

Neste artigo, divulgamos um recorte da etnografia realizada, de modo a descrever, inicialmente, dois aspectos importantes à forja identitária dos(as) atletas em questão: (1) a incorporação de um ethos esportivo baseado no controle de si e na distinção entre o ringue e a rua e (2) a valorização de um ethos sacrificial vinculado à racionalização da dor e do sofrimento corporal. Discutimos também (3) as representações que a presença feminina suscitava entre os atletas e as táticas das atletas de nosso campo para adquirir visibilidade e legitimidade naquele universo predominante masculino. A estratégia básica, nos três tópicos, foi cotejar os elementos da pesquisa realizada com a literatura existente a respeito. Reservamos as considerações finais para um sucinto balanço dos elementos apresentados.

O CONVÍVIO OU A RACIONALIZAÇÃO DA DOR: NO PAIN, NO GAIN!

Se a coragem, a ousadia, a valentia e a técnica apurada são pré-requisitos para se tornar um(a) lutador(a) “casca grossa”, o caminho percorrido para alcançar tal status deve ser trilhado “sobrevivendo-se” a um treinamento que impõe, entre outras regras já constituídas pelo grupo, a convivência diária e constante da dor. Suportar as intermináveis dores em partes diferentes do corpo, sem ser persuadido a desistir do seu propósito ou mesmo enfraquecer o espírito e o corpo guerreiro (NUNES, 2004), se torna uma “regra” de conduta, um modo de operar, possibilitando um reconhecimento coletivo capaz de transformá-lo em um(a) legítimo(a) representante desta casta, os homens de ferro (GASTALDO, 1995) (mulheres de ferro, porque não!).

O reconhecimento da dor como elemento intrínseco à construção do corpo do(a) guerreiro(a) ou do(a) gladiador(a) é um pré-requisito comum não só aos lutadores/lutadora de nosso campo de trabalho, mas trata-se de um componente fundamental da forja de qualquer praticante de esporte de combate (WACQUANT, 1998, 2002; CECCHETO, 2004; GASTALDO, 1995; NUNES, 2004; TURELLI; VAZ, 2006) ou esporte de caráter mais viril, como o rúgbi (RIAL, 1998)4. Ela parece ser, como Wacquant (1998) aponta, uma companheira inseparável daqueles que praticam estes esportes: “Os pugilistas devem também aprender a controlar e a conviver com o desconforto físico, com a dor e com os ferimentos” (WACQUANT, 1998, p. 84). Nas palavras do lutador B, “Isso aí a gente tem que aprender a conviver. O bom é você saber porque você está sentindo dor”. Para o lutador A:

Geralmente o atleta está com alguma coisa doendo, ou o joelho, a coxa, a canela, mão, dedo, sempre tem alguma coisa, você nunca treina 100%, não tem jeito. É um esporte de contato, de impacto, não tem como você não estar com um tostãozinho, uma torçãozinha no dedo, ou no cotovelo, uma bursite, alguma coisa está doendo, não tem jeito cara. A gente vai se virando: está doendo ali, força mais com a outra, está doendo a perna, chuta mais com a outra e protege a que está doendo e vai embora.

Muito embora os autores com os quais trabalhamos associem este aprendizado como medida simbólica da masculinidade dos lutadores, trata-se de um requisito que é comum também ao universo da lutadora de MMA que entrevistamos: “Dor é o tempo inteiro, é um chutando sua perna, sua cabeça e machuca a articulação, ameniza com gelo e às vezes com antiinflamatório. Temos um fisioterapeuta na nossa equipe que nos ajuda nisso” (Lutadora).

Como afirmam Turelli e Vaz (2006, p. 6), desenvolve-se nos espaços em que se praticam artes marciais e/ou esportes de combate, independente do sexo, uma poderosa pedagogia da dor e do sofrimento, que “[...] não é apenas aceita, mas considerada autêntica, com processos que a legitimam e com implicações para a educação do corpo. A dor em si é algo frente ao qual se deve ser indiferente, algo com o que se deve saber conviver”. Antes de ser entendida como uma expressão irrenunciável da corporalidade, ela passa a representar um obstáculo a ser suportado, superado, ou, inclusive, tornado fonte de prazer (VAZ, 2001; RIAL, 1998).

Nas academias de MMA investigadas, está em jogo uma educação do corpo em que o trabalho pedagógico que ali acontece tem por função substituir um corpo não acostumado com pancadas por um corpo estruturado e fisicamente remodelado conforme as exigências da prática em questão. Sendo assim, os(as) lutadores(as) criam estratégias para sublimar a dor e suportar o sofrimento. Por um lado, procuram mitigá-la através do uso de medicamentos diversos, analgésicos, sprays, pomadas, ataduras, bolsas térmicas, equipamentos de proteção, enfim, uma série de artimanhas cujo propósito não é cessar a fonte da dor, mas permitir que o treinamento continue, mesmo com ela: “Claro, todo atleta sente em locais específicos. Tomo antiinflamatório, infelizmente uma automedicação, não tem como ficar indo no médico toda a semana por causa de uma dor, aí a gente usa uma pomada analgésica, um antiinflamatório, gelo” (Lutador E).

Por outro lado, conforme já haviam observado Nunes (2004) e Gastaldo (1995), os(as) atletas empregam técnicas que objetivam o fortalecimento das regiões mais atingidas, como a aplicação de golpes no colega de treino com o intuito de ele os assimilar melhor, até o momento de o corpo tornar-se indiferente ou resistente às investidas do(a) parceiro(a) de treino. Não surpreende que, na avaliação da lutadora de MMA, “Lutar na academia é um vale tudo todos os dias porque você se quebra treinando; acho que o treinamento é a parte mais difícil da competição; você conseguir agüentar aqueles dias de treinamento, tomando pancada, tomando bronca do treinador” (Lutadora).

No universo investigado, o treinamento sparring aparece como o exercício mais “vivo” desse aprendizado e convívio com a dor, na medida em que se o vivencia, várias e várias vezes, antes da luta propriamente dita. Como pudemos notar, os treinos sparring podem se tornar tão intensos, desafiadores e penosos que, perto deles, a luta parece mais fácil. De acordo com um de nossos informantes:

O sparring que a gente faz, é o que eu ia falar, nosso treinamento é muito mais difícil que a luta. A luta em si o máximo que ela vai durar é quinze minutos, um treino dura em média duas horas, você faz cinco ou seis sparrings como se fosse a luta em si; então o treino é muito pior em si, porque é como se estivesse lutando, só que com várias pessoas (Lutador A).

Nessas circunstâncias, o sparring não prepara o corpo para o pior (que está por vir). Ele é o pior! O resultado é que, além de preparar o corpo do(a) guerreiro(a) para o combate, ele minimiza os possíveis danos que o(a) atleta pode sofrer devido às investidas do(a) adversário(a). Embora aos olhos do espectador neófito isso possa parecer uma vã brutalidade irracional ou uma orgia selvagem, constitui o efeito de um plano racional, composto de táticas e estratégias que, mesmo sendo muito violentas e dolorosas, nem por isso deixam de ser muito controladas e metódicas.

Após assistirmos ao vídeo de um dos sparrings filmados, ficamos impressionados com a cooperação antagônica e/ou cláusulas não-contratuais que unia os dois lutadores naquela sessão meticulosa de treino: o lutador sabia em que local bater, com qual intensidade, quando devia recuar, se afastar, deixar o companheiro respirar um pouco, em suma, é dotado de um senso prático, corporal, mimético, que o coloca em condições de alcançar uma justa medida entre o leve e o pesado, em condições de garantir um treinamento duro mas sem grandes consequências à integridade física do seu colega de treino.

Essa aprendizagem radical da dor que acontece no sparring serve ainda para fomentar, entre os(as) lutadores(as), um domínio das emoções desencadeadas pelas trocas de socos e pontapés, bastante intensas em um combate de campeonato. Este trabalho emocional, associado à racionalização da dor física, é mais um poderoso elemento da constituição identitária do(a) lutador(a) de MMA (WACQUANT, 2002).

MULHER NO RINGUE: O QUE ELES ACHAM, O QUE ELAS PENSAM?

Estudos demonstram que o ambiente das academias de esportes de combate e/ou artes marciais é dominado por uma cultura masculina, permeada, no dizer de Gastaldo (1995), por uma semântica da virilidade que considera a presença feminina uma afronta à ordenação simbólica daquele universo. Em nossa pesquisa, a dissonância cognitiva encarnada nas mulheres também esteve presente. Ela manifestou-se na representação, conforme Ceccheto (2004) já havia observado, segundo a qual as mulheres têm uma tendência para a fraqueza e para a pouca resistência, o que dificulta o envolvimento delas em uma prática na qual se exige muita força e resistência. O lutador C assim se manifesta a respeito:

Para ser sincero acho ridículo. [...] acho que o MMA não está envolvido diretamente com mulheres. O esporte para a mulher seria o judô, o jiu-jitsu, o taekonwdo; acho que a mulher não tem essa agressividade que o homem tem a ponto de disputar o MMA, então não acho certo ou tão eficaz a mulher praticar o MMA.

O depoimento anterior revela não somente uma posição tipicamente de gênero (o esporte como produtor de corpos generificados), em que as mulheres são autorizadas a praticar os esportes mais adequados à sua “essência” – então incompatível com a ética do sacrifício (WACQUANT, 2002) imanente à preparação de um lutador desta modalidade –, mas também evidencia que a noção de agressividade ou virilidade está associada à masculinidade. Ao defender seu cargo de lutador contra a feminilização é a idéia mais “profunda” de si mesmo como homem que ele está pretendendo proteger, afinal, a cultura em que está inserido associa quase a totalidade de seu valor como lutador, perante a si próprio e aos demais, graças à imagem da virilidade.

A presença feminina parece embaralhar essa representação. Soma-se a essa representação o fato de que, no mercado de bens simbólicos dominado pela visão masculina (BOURDIEU, 2007), como é o caso dos esportes de combate, a mulher é sempre vista pelo olhar do dominante, o lutador, que a avalia pelas características que ele tem e ela não. Na medida em que a mulher conquista tais características, e os valores a elas associados, o fundamento do discurso masculino torna-se (ainda mais) insustentável.

Um grupo de lutadores, sem perder de vista esta representação negativa relacionada à presença feminina entre os praticantes de MMA, chega mesmo a delimitar “seus lugares” neste espaço. Por um lado, sua presença é legítima quando desfila sua beleza e suas formas nos intervalos entre os rounds de um combate, distraindo o público e os próprios lutadores (Lutador C); por outro lado, sua permanência é tolerada quando assumem uma postura de subordinação em relação aos atletas.

As “Marias-tatames” são um exemplo desse caso, pois sua representação entre os lutadores corresponde à “[...] percepção da mulher como inelutavelmente interessada nas vantagens proporcionadas pelo lutador, ou melhor, pelo seu corpo, para protegê-la ou sustentá-la” (CECCHETO, 2004, p. 171). Afinal de contas, “Qual mulher que não gosta de ver um cara saradão ali de guerreiro; tem mulher que não gosta não, mas a maioria gosta. Mulher gosta de Homem né bicho, pegada forte” (Lutador D).

Tem muita mulher que gosta de lutador, não vou dizer que são todas, mas te digo que não sei se é pela sensação de segurança que o lutador do lado pode passar, ou até mesmo pelo porte físico, ou até mesmo por está ali no meio da galera, aquela coisa toda, enfim, é fato que atrai, sendo “Maria-tatame” ou não (Lutador E).

A despeito desses constrangimentos normativos sobre a presença da mulher no esporte, conseguimos identificar nas academias investigadas representações masculinas que conseguem romper com aquelas hierarquias de gênero predominantes, a ponto de alguns lutadores verem com “naturalidade” a presença feminina nos ringues de MMA: “Eu acho bacana, eu admiro muito, não é fácil não, não só com o preconceito que é muito grande, mas é que elas treinam com homens porque não têm mulheres para treinar, a não ser isoladamente em outras artes [marciais]” (Lutador F); “Eu vejo como qualquer outro atleta. Minha irmã, por exemplo, eu vejo como qualquer outro atleta meu; não tem diferença entre homem e mulher; é como qualquer outro esporte” (Lutador A).

O depoimento de um dos treinadores chega mesmo a apontar para o caráter contingente das representações de gênero: “O esporte é pra todos, desde que lutem mulheres com mulheres e homens com homens. Existem mulheres bastante agressivas e homens sem nenhuma agressividade” (Treinador Y). Essa igualdade discursada entre os gêneros era notável, sobretudo, naqueles momentos de sparring em que o lutador A e a lutadora se enfrentavam no ringue. A trocação era realmente bastante intensa entre eles, pouco importando ao lutador se do outro lado estava uma mulher, que ainda por cima era sua irmã biológica. O fato de a lutadora encarar o momento mais árduo de toda a preparação (o sparring) enfrentando um homem minimiza as diferenças socialmente construídas entre os sexos, estremecendo, assim, o mito da fragilidade feminina.

Para nós, espectadores daquela situação, quando a lutadora estava no sparring com um homem, mais do que sua beleza e curvas, os atributos destacados eram sua força, coragem, ousadia, garra e seu destemor em lutar com outro homem (maior e mais pesado), todas essas qualidades que seriam postas à prova no combate com outra guerreira, durante um campeonato. As iniciativas como a da lutadora de MMA contribuem para se definir novas formas de ser mulher, dando visibilidade, como disse Aldeman (2003), a outras representações da feminilidade. Nos dizeres da própria lutadora:

Mulher tem aquela mania: ah, não vou lutar não porque sou frágil; eu acho que as pessoas vêem a luta para a mulher dessa forma e não é assim. A mulherada se acha delicada demais, muito fresca para treinar; a luta tem a característica de ser grosseira e a mulher tem a característica de ser o sexo frágil; não é assim, a gente é batalhadora e guerreira como os homens (Lutadora).

No caso da lutadora de boxe, essa reinvenção da feminilidade e da própria fisicalidade (DEVIDE, 2005) passa pela necessidade de ela ser mais durona, pois, segundo suas próprias palavras:

Eu ainda me sinto um pouco com o coração mais aberto, então tô tentando cada vez mais endurecer meu coração, não ter mais peninha das oponentes; agora é mandar porrada e cair dentro, senão é a gente que toma. [...] Porque você não pode ter pena da pessoa, ela não vai ter de você, então tem que ser pior que ela, meter a porrada logo pra ela desmaiar, senão vou permitir ela fazer isso comigo. Sangue azul é sangue frio é a mesma coisa de coração de pedra.

Essas mulheres forçudas (GOELLNER; FRAGA, 2003) do século XXI desnaturalizam, em suas práticas, as diferenças sexuais e, por conseqüência, de inferiorização feminina neste espaço “naturalmente” concebido como masculino. Fazem isso sem precisar assumir posturas masculinizantes5, normalmente associadas àquelas que se “aventuram” em espaços tradicionalmente vistos como não apropriados para elas.

Palavras Finais

Analisamos, neste artigo, alguns elementos que se mostraram relevantes à formação identitária dos lutadores e lutadora de MMA. Apresentamos o duplo ethos que os(as) atletas precisam assimilar para serem reconhecidos(as), entre seus iguais, como guerreiros(as) e “verdadeiros(as)” lutadores(as).

Uma característica importante desse duplo ethos é que ele “atravessa”, por assim dizer, os corpos dos(as) atletas, seja porque exige deles(as) um domínio de si cujo resultado é a transformação de seus corpos potencialmente explosivos em armas-brancas (pautado pela moral segundo a qual a briga fora dos ringues é coisa de marginal), seja porque implica em uma introversão do sacrifício que é naturalizada graças ao desenvolvimento de uma pedagogia baseada no controle e na racionalização da dor. Esse duplo ethos, ao ser assumido também pelas mulheres, desmitifica a idéia de que elas têm uma “essência” ou identidade que é incompatível com a prática dos esportes que envolvem um contato corporal mais acentuado, como é o caso dos esportes de combate.

E por falar em mulheres, a investigação identificou a existência de uma representação ambígua associada à presença feminina nas academias investigadas: ao mesmo tempo em que as academias são espaços de afirmação dos ideais predominantes de masculinidade, em que as mulheres ou são estigmatizadas como existências estranhas naquele universo ou como presenças submissas aos homens, alguns lutadores consideram a presença do sexo (não tão) “frágil” entre os ringues uma conquista que deveria ser respeitada e valorizada, sem que elas precisem ser assimiladas ao igual, perdendo, assim, sua própria alteridade.

Essa representação, aliada às estratégias e táticas empregadas pelas mulheres na batalha diária do treinamento, é um importante passo na direção de romper, nos esporte de combate, com aquilo que Goellner (2006) denomina de estética da contenção: “[...] nada de excessos, nem de gorduras, nem de músculo, nem de ousadias, nem de inserções em espaços que parecem não ser seus”. As meninas de nosso campo são excelentes exemplos de que, além de belas, as mulheres podem também ser literalmente fatais.

Atletas de elite de Jiu-Jitsu: pesquisa mais recente



É muito dificil o acesso a dados contínuos de pesquisas realizadas com atletas de elite de lutas e modalidades de combate. No livro Pronto Pra Guerra são apresentados dados de mais de 50 estudos realizados com atletas de elite de Jiu-Jítsu e MMA. Inclusive, realizados com Fedor Emelianenko e Mirko Cro Cop (MMA), além de Bibiano Fernandes e Ronaldo Jacaré (Jiu-Jítsu).

Como a ideia original deste Blog surgiu literalmente para complementar as informações contidas no livro, seguem os dados do mais recente estudo realizado com atletas de elite de Jiu-Jístu.

Leandro Paiva



Perfis Antropométricos e Funcionais de Atletas de Elite de Jiu-Jitsu de Diferentes Categorias

Autores: Leonardo Vidal Andreato, Solange Marta Franzói de Moraes, João Victor Del Conti Esteves,Juliana Jacques Pastório, Douglas Lopes de Almeida, Bruno Alcântara, Thaís Vidal Andreato,Tricy Lopes de Moraes Gomes, José Luiz Lopes Vieira.

Apresentado no III Congresso de Ciência do Desporto (Unicamp)

Resumo


O conhecimento dos perfis antropométricos e funcionais de atletas é fundamental para o conhecimento das exigências de uma modalidade e sistematização do treinamento desportivo. Entretanto, estes perfis podem sofrer alterações nas diferentes categorias relativas à massa corporal. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo analisar os perfis antropométricos e funcionais de 11 atletas de elite de Brazilian Jiu-Jitsu. Os atletas foram divididos em dois grupos pela massa corporal, a partir da mediana, até 81,9 kg (n=6) e acima de 81,9 kg (n=5). A composição corporal foi determinada pelo método de sete dobras cutâneas (JACKSON E POLLOCK, 1978), e a somatotipia pela equação de Carter e Health (1980). A obtenção de nível de aptidão aeróbia foi obtida por meio de teste de esforço em esteira rolante seguindo protocolo de Rampa Condicionado (TEBEXRINI et al., 2001). Para aferir a força muscular os atletas realizaram dinamometrias de preensão manual, de membros inferiores e dorsal (JOHNSON & NELSON, 1979). A mensuração da força abdominal e a força de membros superiores foram obtidas por realização dos testes de Abdominal e Teste de Flexão de Braço, respectivamente; enquanto a flexibilidade de quadril foi determinada em teste de sentar-e-alcançar (POLLOCK E WILMORE, 1993). A análise de variância foi realizada através do teste t de Student, com uma significância pré-estabelecida de 5% (p<0,05).>

Resultados da comparação antropométrica e funcional entre lutadores de Brazilian Jiu-Jitsu
(n=11 atletas)

Até 81,9 Kg (n=6 atletas) / Acima de 81,9 kg (n=5 atletas)

•Idade (anos): 26,3 ± 3,6 / 25,2 ± 3,3

•Massa Corporal: (kg) 77,2 ± 3,3 / 90,2 ± 7,7

•% Gordura: 9,1 ± 2,8 / 11,7 ± 1,7

•Endomorfia: 2,7 ± 0,9 / 3,4 ± 0,6

•Mesomorfia: 9,0 ± 0,7 / 9,3 ± 0,9

•Ectomorfia: 1,8 ± 0,6 / 1,5 ± 0,5

•VO2máx (Potência aeróbia): 68,5 ± 17,6 / 64,0 ± 18,3

•Preensão Manual - Mão Direita: 44,2 ± 6,3 / 43,2 ± 2,8

•Preensão Manual -Mão Esquerda: 39,5 ± 4,1 / 40,8 ± 3,7

•Tração Lombar: 193,6 ± 19,8 / 175,5 ± 52,0

•Membros Inferiores: 166,4 ± 39,6 /139,3 ± 45,1

•Flexão de Braço: 43,0 ± 7,6 /36,2 ± 8,2

•Abdominais: 54,8 ± 7,8 / 49,6 ± 5,7

•Banco de Wells: 36,2 ± 10,1 / 34,3 ± 8,1

Conclusão

Estes resultados permitem concluir que quando divididos quanto à massa corporal, os atletas de elite de Brazilian Jiu-Jitsu não demonstram diferenças em seu perfil funcional e antropométrico.

Pronto Pra Guerra TV - Lançamentos do livro

Para quem não teve oportunidade de ver os slides em artigos anteriores, eternizei os dois lançamentos do livro (Rio de Janeiro e Manaus) no canal "Pronto Pra Guerra TV" do site Youtube. Imperdíveis!

Leandro Paiva




terça-feira, 2 de março de 2010

Jiu-Jitsu e MMA: Alimentação e Suplementação

Material audiovisual com referências da prática clínica no segmento de alimentação e suplementação para lutadores. Abordagem de tópicos bem interessantes, muitos deles são constante fonte de dúvidas de atletas, técnicos e outros profissionais responsáveis pela preparação nas Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate.

Leandro Paiva




segunda-feira, 1 de março de 2010

A respiração no Jiu-Jitsu, MMA e Submission


Em outro artigo neste Blog, já informei que vários atletas de elite de Jiu-Jítsu e MMA recorrem, sabidamente, a diversos treinamentos para maximizar a respiração e potencializar seus recursos direcionando às situações adversas antes, durante e após os combates.

A respiração é um dos prazeres da vida ou pelo menos o reconhecimento de que ainda estamos vivos. Também é uma ferramenta muito poderosa para o lutador amador ou profissional. Sua utilização e controle tem longa história nas lutas e artes marciais. No livro Pronto Pra Guerra, em especial no capítulo de Preparação Psicológica, abordei diversos meios e métodos referentes à respiração, bem empregados nas Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate.

Na tradição do Budô, dentre as artes marciais japonesas, se considera que o "Kiai" (espécie de vocalização utilizada geralmente durante golpes traumáticos), aumenta a potência do indivíduo na execução de um golpe ou técnica. Dentre as artes marciais coreanas, similarmente, utiliza-se o "Kihap". Grande parte dos praticantes considera o "Kiai" apenas como uma mensagem que acompanha o movimento físico; contudo, enganam-se: é um recurso muito mais relevante e profundo.

Quando utilizado corretamente, conecta os elementos físicos e mentais de uma técnica, e serve tanto para ações defensivas como ofensivas. O significado do próprio termo denota um conceito de um sistema unificado ou integrado ( "ai") espírito ou mente (" ki "). O controle da respiração é parte integrante de sua execução.

Não é incomum no MMA, Muay Thai e no Boxe, por exemplo, os atletas expirarem quando desferem socos ou chutes. Muitas vezes esses sons são captados até mesmo por transmissões televisivas, tamanho é o volume de vocalização da expiração de alguns atletas quando desferem os golpes.

Por incrível que pareça, essas vocalizações durante a expiração tem raízes longínquas nas lutas. A preconização do "Kiai" é: enquanto expirar fortemente (exalando ar) se deve contrair fortemente os músculos abdominais e o diafragma.

Sugere-se que, defensivamente, a expiração previna de um nocaute e a contração muscular ajude a proteger órgãos internos. Como ataque ofensivo, pode assustar ou distrair por milésimos de segundos o adversário. Além disso, enquanto a musculatura da região central do corpo estiver contraída, será fortalecida a cadeia cinética, aumentando a potência do golpe. Assim, acompanhando o "Kiai" ou "Kihap" vem uma condição adicional de energia e fortalecimento físico e mental, e não somente mera vocalização durante um golpe.

Ah, outra vantagem simples, é claro, é que o indivíduo lembra de respirar. Isso por si já é uma ferramenta valiosa para o lutador. Quando um iniciante, por exemplo, realiza seu primeiro sparring, é comum prender a respiração e tensionar os músculos. É uma espécie de reação natural, mas pode se tornar mau hábito.

Os músculos precisam de oxigênio para funcionar corretamente. Uma contração muscular necessita, óbvio, de mais oxigênio. Seu corpo começa a maioria das atividades com o oxigênio do ar que você inala. Se você não estiver inalando, não estará fornecendo fonte constante de oxigênio para os músculos ou a outros órgãos vitais que necessitam dele como o cérebro e os olhos. Isso demanda maior utilização de oxigênio e, finalmente, faz com que o corpo e a mente não trabalhem tão bem como deveriam.

Prender a respiração por muito tempo também pode elevar a pressão arterial e causar vertigem. Ainda, seus músculos "cansam" mais rapidamente. O resultado é que o indivíduo fica sem fôlego em curto período.

Comparando, como bom exemplo, vale salientar que as tropas de elite do exército e da polícia sabem da necessidade e utilidade das técnicas de respiração e as integram em sua formação. Se referem a elas como "respiração tática" ou "respiração de combate". São estratégias de respiração concebidas para serem aplicadas rapidamente, principalmente em situações de risco elevado.
Atleta de Jiu-Jítsu e MMA, Ricardo Arona tem opinião formada sobre o tema: "em situação mais complicada como um knock-down, melhor coisa a fazer é se fechar defensivamente e respirar bem para restabelecer o equilíbrio no combate." O fato é que você tem de saber respirar.

Recomendações Práticas

1) Para relaxar, se restabelecer de situação complicada e/ou evitar desperdício de energia pelo fator emocional: inalar (inspirar) por quatro segundos, segurar (apnéia) por quatro segundos e expirar (exalar) por quatro segundos e, logo após, respirar normalmente. Esta técnica ajudará a manter a freqüência cardíaca sob controle (também reduz a ansiedade).

2) Durante situação extrema de um combate em que o atleta precisa de mais foco e concentração e/ou potência no golpe: No lugar de respirações longas e profundas, executar uma série regular de expirações (ou exalações) pela boca no momento de um impacto, seguida imediatamente por uma acentuada inspiração (ou inalação) pelo nariz. Há muitas maneiras de respirar "corretamente" e muitos usos para diferentes técnicas de respiração e exercícios. Nesta, a coisa mais importante é não prender a respiração, para ter um padrão regular de inalação (por intermédio do nariz) e expirar (pela boca).

Concluo afirmando que, para fins de treinamento, ter algum sistema ou método, independentemente de qual deles você escolher, poderá ajudar nos momentos cruciais antes, durante ou após os combates. Provavelmente um atleta de nível iniciante ou intermediário será beneficiado como os lutadores de elite ou superelite se, assim como eles, dominar tais técnicas.

Leandro Paiva

Referência:

Borum, R. The Power of Breathing. Black Belt Magazine, 2009.